Sequência 1 - Fernando Pessoa ortónimo/ heterónimos
O principal traço da
poesia do ortónimo é sentir/pensar que conduz à dialética
consciência/inconsciência. Ansioso por permanecer no mundo dos sentidos Pessoa debate-se
com a força do intelecto que não lhe permite alcançar a felicidade alegre da
inconsciência. Assim, sente a dor de pensar e deseja ser a ceifeira anónima,
inconsciente e feliz, inveja a sorte do gato que rege a vida pelos seus
instintos, e tenta recuperar os tempos de infância, o paraíso perdido e
longínquo em que onde foi feliz. Contudo trata-se apenas de fugas de si mesmo e
o que permanece é a desagregação do tempo, o desencanto e angústia da
efemeridade da vida.
O fenómenos da
heteronímia consiste na despersonalização do “Eu” e na fuga á individualização
do Ortónimo que, sentindo-se fragmentado entre o sentir e o pensar, se desdobra
na criação de seres fictícios. Trata-se pois na conceção imaginária de figuras
exatamente humanas que eram gente, que se movimentavam num palco onde desfilam,
pelo menos, quatro personagens diferentes: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Álvaro
de Campos e Pessoa Ortónimo.
Sequência 2 - Lusíadas
Os Lusíadas (século XVI) constituem uma das obras que melhor exprimem a glória do povo descobridor que, graças ao seu espírito aventureiro deu novos mundos ao mundo e unificou a Terra, complementando os seus objetivos religiosos de acordo com o ideal de cruzada. Expandir a Fé e o Império é o grande objetivo que sempre norteou o Homem português, que Camões glorifica na sua epopeia em dez cantos de oitavas, com versos decassilábicos, num estilo grandioso e eloquente, onde a mitologia constitui um dos planos ao lado da História de Portugal, da viagem á Índia e das intervenções do Poeta. Camões canta a glória portuguesa do Império já conquistado, mas dirige-se a D. Sebastião a quem dedica a sua obra num tom de lamento, e nas suas reflexões lança uma crítica aos poderosos, à política e ao desprezo pela cultura.
Sequência 3 - Felizmente há luar!
Felizmente Há Lua, é
um texto emblemático do teatro português dos anos 60, desenvolve um conjunto de
temas (opressão, luta pela liberdade, amor) que constituiu um todo
indissociável.
É um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico ou brechtiano. O teatro épico tem como objetivo levar o espetador a pensar e refletir sobre o que se passa em cena. Por isso, Sttau Monteiro em Felizmente Há Luar! visa denunciar, não só as crueldades cometidas durante o regime absolutista, mas também despertar os leitores/espectadores para as crueldades e injustiças que se cometiam em Portugal durante o período do fascismo. O século XIX funciona assim como uma janela aberta para o século XX, num tempo em que a censura proibia tudo o que fosse contra o poder instituído. Concluindo, poder-se – á afirmar que Felizmente Há Luar! se constitui como uma espécie de hino a todos os residentes e a todos aqueles que lutaram pelo fim da opressão e pela restituição da liberdade do povo português.
É um drama narrativo, de carácter social, dentro dos princípios do teatro épico ou brechtiano. O teatro épico tem como objetivo levar o espetador a pensar e refletir sobre o que se passa em cena. Por isso, Sttau Monteiro em Felizmente Há Luar! visa denunciar, não só as crueldades cometidas durante o regime absolutista, mas também despertar os leitores/espectadores para as crueldades e injustiças que se cometiam em Portugal durante o período do fascismo. O século XIX funciona assim como uma janela aberta para o século XX, num tempo em que a censura proibia tudo o que fosse contra o poder instituído. Concluindo, poder-se – á afirmar que Felizmente Há Luar! se constitui como uma espécie de hino a todos os residentes e a todos aqueles que lutaram pelo fim da opressão e pela restituição da liberdade do povo português.
Sequência 4 – Memorial do convento
Memorial do Convento é
um romance histórico que, para além da visão crítica e sarcástica da sociedade
portuguesa da primeira metade do século XVIII com os seus hábitos,
corrupção, infidelidades conjugais, comportamento e atuação do Rei e
da Inquisição, constitui igualmente uma reflexão sobre a condição humana, as
relações entre os homens, as injustiças, a exploração dos fracos,
a omnipotência dos poderosos e a miséria humana.
Na verdade, ao longo da obra,
assistimos à megalomania, prepotência e egocentrismo do Rei que manda construir
um convento de dimensões extraordinárias e quer que o seu nome fique para
sempre associados à grandiosidade do monumento, um Rei contraditório que
promulga leis mas não as cumpre, um Rei corrupto, devasso e imoral que pactua
com um clero manipulador, injusto e desumano.
Contudo, assistimos também à exploração do povo trabalhador, que constitui o verdadeiro herói da obra, um herói rude, feio, deficiente, que sofre humildemente às ordens de um rei que exige o seu esforço de forma cruel e tão megalómana como o seu projecto.
Memorial do Convento ultrapassa pois o conceito de romance histórico pois
não é apenas um relato da História, é simultaneamente um texto que procura
transmitir uma visão do mundo, constituindo um documento de um humanismo
intemporal e universal, um texto fundador de um novo conceito de romance
histórico em Portugal, em que a história é contada não na óptica oficial dos
poderosos, mas sim na visão dos espoliados. É, pois, um romance de intervenção
social que não se limita ao século XVIII, mas é também alargado ao
século XX.