segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Fernando Pessoa- figura da literatura portuguesa e da poesia europeia do século XX

Fernando António Nogueira Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888. Pessoa era filho de um modesto funcionário, porém inteligente e culto (foi mesmo jornalista e crítico musical) que morreu tuberculoso em 1893 deixando o filho com cinco anos e a mulher. A mãe, oriunda de família açoriana, era uma senhora de esmerada educação, casou novamente em fins de 1895 com o cônsul português na África do Sul, João Miguel Rosa. Assim, o casal instalou-se em Durban (África do Sul), onde Pessoa estudou, prosseguindo depois os estudos na Universidade do Cabo (1903-04).
Quando voltou definitivamente para Lisboa, Pessoa dominava a língua inglesa (e a respectiva literatura) tão bem, ou melhor, que a materna. Após uma tentativa falhada de montar uma tipografia e editora, “Empresa Íbis — Tipográfica e Editora”, dedicou-se, a partir de 1908, e a tempo parcial, à tradução de correspondência estrangeira de várias casas comerciais, sendo o restante tempodedicado à escrita e ao estudo de filosofia (grega e alemã), ciências humanas e políticas, teosofia e literatura moderna, que assim acrescentava à sua formação, determinante na sua personalidade. Matriculou-se no Curso Superior de Letras, porém abandonou rapidamente as aulas.
Dedicou-se ao estudo de filósofos gregos e alemães (Schopenhauer, Nietzsche, reflectindo-se depois, na sua obra), leu os simbolistas franceses e a moderna poesia portuguesa (Antero de Quental, Cesário Verde, etc.)
Pessoa era retraído, parecia vocacionado para viver isolado, sem compromissos, porém sempre disponível para as aventuras de espírito: levava uma vida relativamente apagada, movimentava-se num círculo restrito de amigos que frequentavam as tertúlias intelectuais dos cafés da capital, envolveu-se nas discussões literárias e até políticas da época. Definia-se como “hístero-neurasténico com a predominância do elemento histérico na emoção e do elemento neurasténico na inteligência e na vontade (minuciosidade de uma, tibieza de outra)”.
Desde cedo escreveu poesias em inglês, mas foi como ensaísta que primeiro se revelou, ao publicar, em 1912, na revista “A Águia”, uma série de artigos sobre “a nova poesia portuguesa”. Entretanto, continuou a compor poesia, em inglês e também português, devido à leitura das Flores sem Fruto e das Folhas Caídas, de Garrett. Afastando-se do grupo saudosista, desejoso de novos rumos estéticos e de fazer pulsar a literatura portuguesa ao ritmo europeu, foi um dos introdutores (juntamente com o restante grupo de “Orpheu”) do Modernismo em Portugal. Em Fevereiro de 1914 publicou, na revista “A Renascença”, a poesia “Pauis” (que deu origem a uma corrente efémera, o paulismo) e “Ó sino da minha aldeia”. Em 1914 surgiram os principais heterónimos, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Em 1915, com Mário de Sá-Carneiro (amigo chegado, com o qual trocou intensa correspondência e cujas crises acompanhou de perto), Luís de Montalvor e outros poetas e artistas plásticos com os quais formou o grupo “Orpheu”, lançou a revista “Orpheu”.
Em 1920, ano em que a mãe, viúva, regressou a Portugal com os irmãos e em que Fernando Pessoa foi viver de novo com a família, iniciou uma relação sentimental com Ophélia Queiroz (interrompida nesse mesmo ano e retomada, para rápida e definitivamente terminar, em 1929) testemunhada pelas Cartas de Amor. Em 1925, morreu a mãe.
Colaborou nas revistas “Exílio”, “Portugal Futurista”, “Contemporânea”, “Athena”, de que foi director, “Presença” e “Descobrimento”.
Em fins de 1934, publicou Mensagem, uma colectânea de poesias que celebram os heróis e profetizam, em atitude de expectativa ansiosa, a renovada grandeza da Pátria. E nenhum volume mais saiu em vida do autor, Fernando Pessoa morreu em Novembro de 1935, no Hospital de S. Luís dos Franceses, onde foi internado com uma cólica hepática, causada provavelmente pelo consumo excessivo de álcool, deixando grande parte da sua obra inédita, só admirada num círculo restrito, nomeadamente pelo grupo da Presença. Foi este mesmo grupo que se encarregou de dar a conhecer e valorizar a obra inédita de Pessoa. Como o seu espólio literário permaneceu, em parte, inédito, não permitiu, na altura, fazer um juízo bem fundamentado sobre todas as facetas da sua personalidade.
O prestígio internacional do escritor não tem cessado de aumentar. Foi traduzido em francês, em alemão, em italiano e em espanhol e tem sido objecto de estudo de especialistas alemães, franceses, italianos, brasileiros, etc.

                       "Fernando Pessoa jogando xadrez"

                          A vida de Fernando Pessoa